Lenços verdes são símbolo da luta pelo direito ao aborto na Argentina. (MONK Fotografía)
Votação da legalização do aborto na Argentina mobiliza 24 mil tuítes no Brasil em 24 horas
Levantamento feito pela DAPP/FGV com exclusividade para Gênero e Número também identificou que sete dos dez posts mais retuitados por perfis brasileiros no Twitter celebravam aprovação do projeto de lei de interrupção voluntária da gestação no país vizinho
A DAPP avaliou as menções ao assunto no Twitter no Brasil das 16h do dia 13, quando as deputadas e deputados argentinos já debatiam o projeto de lei, até as 16h do dia 14, seis horas depois da votação. O pico das menções ao assunto na rede social se deu no momento em que o projeto de lei foi finalmente votado e aprovado por 129 votos a favor e 125 contra, minutos antes das 10h da manhã do dia 14.
Menções no Brasil sobre votação da legalização do aborto na Câmara argentina
Entre os dez tuítes mais retuitados no período, sete eram posts celebrando o resultado da votação e três eram posts noticiando o fato. O post mais retuítado nessas 24 horas cita uma declaração do deputado argentino Marcelo Wechsler, do governista PRO, que votou a favor do projeto de lei que legaliza a interrupção voluntária da gestação até a 14a semana. “Somos todos pró-aborto. Ou pró-aborto legal ou pró-aborto clandestino”, disse o deputado no plenário.
Segundo a DAPP, o emoji mais usado foi o coração verde, a cor adotada pelo movimento pela legalização do aborto na Argentina, presente em 540 tuítes. Em seguida, aparecem o sinal de alta tensão, em 380 tuítes, usado normalmente em posts de últimas notícias; e o bíceps, em 130 tuítes, símbolo associado à luta das mulheres que levou à aprovação do projeto de lei, que segue para ser votado no Senado.
Entre as hashtags mais ativas, estão #AbortoLegalYa (Aborto Legal Já), com 3,3 mil publicações; #AbortoSeraLey (Aborto Será Lei) com 1,6 mil; e #13j (13 de junho, data da votação) e #abortosesionhistorica (Aborto Sessão Histórica) ambas com cerca de 580.
A maior parte dos tuítes sobre o tema no Brasil saiu do Estado de São Paulo, com 6,5 mil posts, ou um quarto do total registrado pela DAPP; em seguida veio o Rio de Janeiro, com 4,3 mil, e Rio Grande do Sul, com 2,7 mil. Piauí, Sergipe e Ceará se destacaram pela maior proporção de posts sobre o tema em relação ao número de usuários do Twitter em cada Estado.
Carolina de Assis é uma jornalista e pesquisadora brasileira que vive em Juiz de Fora (MG). É mestra em Estudos da Mulher e de Gênero pelo programa GEMMA – Università di Bologna (Itália) / Universiteit Utrecht (Holanda). Trabalhou como editora na revista digital Gênero e Número e se interessa especialmente por iniciativas jornalísticas que promovam os direitos humanos e a justiça de gênero.
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