Professora de sociologia na rede estadual do Rio de Janeiro, guitarrista e lésbica: é assim que Carol Quintana, 34, se define. Há seis anos moradora de Teresópolis, cidade da região serrana fluminense, Carol decidiu se candidatar pela primeira vez este ano, depois de passar anos flertando com o PSOL, partido que a lançará como candidata. Militante nos movimentos de defesa dos direitos LGBT e, antes, no movimento estudantil, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro ela pretende defender pautas centrais de educação, antiproibicionismo e, principalmente, LGBT. Conheça mais sobre a pré-candidata em cinco pontos fundamentais.
Novos nomes: Conheça Carol Quintana, pré-candidata a deputada estadual no RJ
A newsletter Política 2018 traz a cada edição quinzenal o perfil de uma mulher que disputará as eleições pela primeira vez em 2018
Por Lola Ferreira*
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1. Mulheres na Política
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2. Representatividade para as mulheres lésbicas
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3. Educação pública
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4. Pautas identitárias
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5. Antiproibicionismo
1. Mulheres na Política
Carol tem uma atuação de mais de 10 anos em movimentos de classe, e atualmente também no Sindicato Estadual dos Professores do Estado. Uma das 19 mulheres que serão lançadas pelo PSOL à Alerj, ela diz ter decidido pela candidatura para aumentar a representatividade de mulheres na política. Seu desejo inicial era acompanhar de perto uma campanha antes de tentar um cargo eletivo, mas numa região em que só há ela e mais uma mulher como dirigente do partido, decidiu se colocar na disputa.
“Minha militância sempre foi muito orgânica e de base. Então a minha ideia era só construir um movimento LGBTI+ na cidade de Teresópolis, fazer essa organização. Com isso, me envolvi com o setorial LGBTI+ do partido e, em uma reunião, descobriram que eu estava como pré-candidata. Ficaram super animados, e perguntaram se eu teria coragem de tocar a pauta LGBTI+. Eu confirmei que sim, então sou comprometida com essa pauta.”
2. Representatividade para as mulheres lésbicas
A pré-candidata acredita que a eleição de uma mulher abertamente lésbica pode incentivar outras mulheres como ela a tentarem ingressar na política partidária: “Nós, mulheres lésbicas, somos invisibilizadas em todos os aspectos: no privado, no trabalho e mais ainda nos espaços políticos. E lá ninguém pode falar por mim. Espero ser referência para mais mulheres e principalmente mais mulheres lésbicas, que não tenham medo de assumir sua homossexualidade na política”.
Carol também acredita que existem pautas fundamentais e comuns às mulheres lésbicas, que necessitam de uma representante na Alerj para serem ouvidas. “Para discutir saúde lésbica, empregabilidade das mulheres lésbicas, por exemplo, quem vai ter coragem de puxar esses assuntos, se não for uma mulher lésbica?”, questiona.
3. Educação pública
Carol sempre foi professora da rede pública de ensino, e uma das suas principais bandeiras é a defesa de um ensino público de qualidade. Para ela, defender a escola pública é “valorizar todos os profissionais da educação”. Carol também defende uma base curricular plural, que aborde questões de gênero.
“A primeira coisa é o reajuste salarial, e também aumentar o concurso público para os servidores. Já do ponto de vista pedagógico, há um avanço do conservadorismo, que retira as disciplinas e deixa somente matemática e português. Nós, da sociologia, somos o alvo principal não porque fazemos o aluno pensar o lugar nele do mundo, que é importante, mas porque discutimos gênero. A escola tem que dialogar com a sociedade, com o tempo dela, não pode estar isolada”, defende.
4. Pautas identitárias
A decisão final para lançar a sua pré-candidatura aconteceu no dia em que Marielle Franco (PSOL/RJ) foi assassinada. Apesar da brutalidade do crime, Carol acredita que este ano as pautas identitárias irão dar o tom das eleições.
“Há uma rejeição da política por parte dos jovens. Com o avanço do conservadorismo, essas pautas identitárias vão servir como forma de ‘reencanto’, encantar novamente as pessoas. Principalmente essa galera que está votando pela primeira vez. O voto identitário, nas mulheres, mulheres negras, pessoas LGBTI+, vai ser uma forma de reaproximar essa molecada que está muito descrente com a política”, acredita.
5. Antiproibicionismo
A pré-candidata também tem, dentre as pautas que defenderá, uma preocupação com o antiproibicionismo. Carol defende a legalização das drogas hoje ilícitas, com destaque para uma mudança cultural da forma de lidar com elas.
“Os principais projetos de legalização passam pela relação com a saúde, mas eu defendo uma legalização a nível cultural, como foi do álcool e do tabaco, uma aceitação cultural. Regulamentar é imposição de limites. Hoje, por ser ilegal, não conseguimos controlar, e a legalização passa pelo controle. E eu defendo um controle muito forte da cocaína, que está alcançando meus alunos de ensino médio, há um surto muito grande entre eles e isso é preocupante. A minha defesa passa pelo controle da regulamentação, para controlar o uso dessa droga, que está completamente descontrolada”, afirma.
Carol também destaca, novamente, que há necessidade no investimento de uma educação pública e de qualidade para que essa conscientização massiva sobre os efeitos das drogas seja possível. “A gente não discute droga, é tabu. Por isso o aluno não sabe! Discutir é acabar com o tabu.”
*Lola Ferreira é jornalista e colaboradora da Gênero e Número.
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