Registros de violências contra mulheres trans e travestis diminuem, mas a casa fica mais perigosa para elas

Entre os principais agressores, estão aqueles com vínculos mais próximos: cônjuges, namorados, amigos ou conhecidos

O Mapa da Violência de Gênero, publicado em 2019 com dados de 2014 a 2017, já havia apontado que a violência contra mulheres trans e travestis começa dentro de casa. Ao longo dos cinco anos seguintes, pouca coisa mudou.  

Dados de 2018 a 2021 do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, apontam que a pandemia fez cair a quantidade de notificações de violências contra mulheres trans e travestis, mas tornou a casa um lugar ainda mais perigoso para elas. 

A proporção de violências sofridas dentro de casa em relação às violências sofridas em outros ambientes, aumentou. Somados, os registros de violência física e psicológica respondem por 85% do total de agressões sofridas dentro de casa por mulheres e pessoas trans.  

Entre os principais agressores, estão aqueles com vínculos mais próximos: cônjuges, namorados, amigos ou conhecidos, o que reforça que a pauta da violência doméstica é de todas as mulheres. 

Violência contra mulheres trans e travestis

A maior parte das violências

contra mulheres trans e travestis

ocorre dentro de casa

2018

fora de casa 36%

64%

dentro de casa

2019

34%

66%

2020

Nos dois primeiros anos da pandemia, o total de registros de violência contra mulheres trans e travestis diminuiu, mas a casa ficou mais perigosa para elas.

30%

70%

2021

25%

75%

Em 2021

Faixa etária

Entre mulheres trans e travestis com 45

anos ou mais, a residência foi o cenário

de 82% das violências, em 2021

18 a 24 anos

25 a 34 anos

35 a 44 anos

45 ou mais

62% dentro de casa

72%

74%

82%

tipo de vínculo

Cônjuges, ex-cônjuges, amigos ou

conhecidos são os principais autores das

violências praticadas dentro de casa contra

mulheres trans e travestis no Brasil

17% outros

83% familiares

49%

filho(a)

5%

amigos

conhecidos

9%

cônjuge

namorado(a)

5%

outro familiar

16%

ex-namorado(a)

ex-cônjuge

4%

desconhecido(a)

4%

irmã(o)

4%

outros

4%

pai

Exemplos:

- outro familiar

- cunhado(a)

- tio(a)

- vizinho(a)

- mãe

- padrasto

motivações

As principais motivações para

a violência doméstica contra

mulheres trans e travestis

registradas são: sexismo, conflito

geracional e transfobia

32%

sexismo

Conflito por

discrepâncias culturais,

sociais ou econômicas

entre duas gerações

22%

conflito

geracional

41%

outros

Exemplos:

- deficiência

- xenofobia

- racismo

- intolerância

religiosa

homo/ lesbo/ bi/

transfobia

3%

situação

de rua

2%

formas

de violência

56%

Mais da metade das notificações de

violências que ocorreram dentro de

casa correspondem à violência

física. A violência psicológica ocupa

a segunda posição, com 29% dos

registros.

física

Uma mesma pessoa pode ser

vítima de múltiplas violências:

44% das mulheres trans

e travestis sofreram mais de

um tipo de violência em uma

mesma ocorrência

29%

psicológica

Enquanto as violências física

e psicológica contra mulheres trans

e travestis ocorrem

predominantemente dentro de casa,

elas estão mais vulneráveis

à violência sexual fora de casa.

sexual

6%

tortura

5%

outras

4%

Exemplos:

- negligência/abandono

- financeira/econômica

- tráfico de seres humanos

- intervenção legal

Fonte Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) - Ministério da Saúde

Violência contra mulheres

trans e travestis

A maior parte das violências

contra mulheres trans e travestis

ocorre dentro de casa

2018

fora de casa 36%

64%

dentro de casa

2019

34%

66%

2020

30%

70%

2021

25%

75%

Nos dois primeiros anos da pandemia,

o total de registros de violência contra

mulheres trans e travestis diminuiu,

mas a casa ficou mais perigosa para elas.

Em 2021

Faixa etária

Entre mulheres trans e travestis com 45

anos ou mais, a residência foi o cenário

de 82% das violências, em 2021

25 a 34 anos

18 a 24 anos

62% dentro de casa

72%

35 a 44 anos

45 ou mais

74%

82%

tipo de vínculo

Cônjuges, ex-cônjuges, amigos ou

conhecidos são os principais autores das

violências praticadas dentro de casa contra

mulheres trans e travestis no Brasil

83% familiares

49%

filho(a)

5%

cônjuge

namorado(a)

5%

outro familiar

16%

ex-namorado(a)

ex-cônjuge

4%

irmã(o)

4%

pai

17% outros

desconhecido(a)

4%

amigos

conhecidos

9%

4%

outros

Exemplos:

- outro familiar

- cunhado(a)

- tio(a)

- vizinho(a)

- mãe

- padrasto

motivações

As principais motivações para a violência

doméstica contra mulheres trans e travestis

registradas são: sexismo, conflito geracional

e transfobia

32%

sexismo

Conflito por

discrepâncias culturais,

sociais ou econômicas

entre duas gerações

22%

conflito

geracional

41%

outros

homo/ lesbo/ bi/

transfobia

3%

situação

de rua

2%

Exemplos:

- deficiência

- xenofobia

- racismo

- intolerância religiosa

formas

de violência

56%

Mais da metade das

notificações de violências

que ocorreram dentro de

casa correspondem à

violência física. A violência

psicológica ocupa a

segunda posição, com 29%

dos registros.

física

Uma mesma pessoa pode

ser vítima de múltiplas

violências: 44% das

mulheres trans e travestis

sofreram mais de um tipo

de violência em uma

mesma ocorrência

29%

psicológica

Enquanto as violências física

e psicológica contra mulheres

trans e travestis ocorrem

predominantemente dentro

de casa, elas estão mais

vulneráveis à violência sexual

fora de casa.

sexual

6%

tortura

5%

outras

4%

Exemplos:

- negligência/abandono

- financeira/econômica

- tráfico de seres humanos

- intervenção legal

Fonte Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) - Ministério da Saúde

Schirlei Alves

Atua com jornalismo investigativo orientado por dados e sob a perspectiva dos direitos humanos. Formada desde 2008 pela Univali, colaborou para o Epoch Times, no Canadá, e atuou como repórter nos principais jornais do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Seus trabalhos mais recentes foram para a Folha de S.Paulo, Abraji, Agência Lupa, O Joio e O Trigo, The Intercept Brasil e Portal Catarinas. Recebeu como reconhecimento os prêmios ABCR de Jornalismo, Unimed e RBS. Em 2022, concluiu especialização em Jornalismo de Dados, Automação e Data Storytelling pelo Insper.

Marcella Semente

Olindense que adotou o Rio para viver. Integra a Gênero e Número a partir de 2023. Atua como pesquisadora e analista de dados com foco em gênero, saúde e direitos reprodutivos, fecundidade, educação e violência. Já colaborou com o Ipea como assistente de pesquisa e analista de dados, e foi assessora de comunicação na SMS/Camaragibe. Doutoranda em Demografia no Cedeplar (UFMG), mestre em População, Território e Estatísticas Públicas pela Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE/IBGE), especialista em Programas e Projetos Sociais (UNICAP) e Jornalista pela UFPE, atualmente, é graduanda em Estatística também na ENCE.

Se você chegou até aqui, apoie nosso trabalho.

Você é fundamental para seguirmos com o nosso trabalho, produzindo o jornalismo urgente que fazemos, que revela, com análises, dados e contexto, as questões críticas das desigualdades de raça e de gênero no país.


Somos jornalistas, designers, cientistas de dados e pesquisadoras que produzem informação de qualidade para embasar discursos de mudança. São muitos padrões e estereótipos que precisam ser desnaturalizados.

A Gênero e Número é uma empresa social sem fins lucrativos que não coleta seus dados, não vende anúncio para garantir independência editorial e não atende a interesses de grandes empresas de mídia.

Quero apoiar ver mais