60% das mulheres que sofrem violência de gênero não denunciam à polícia
Embora pelo menos 30% das brasileiras tenham sofrido violência doméstica ou familiar, mais da metade dos casos não chegam à polícia. Estes são alguns dos dados inéditos do Mapa Nacional da Violência de Gênero, que a Gênero e Número lança hoje o com Senado Federal e Instituto Avon
Mais de 60% das brasileiras que sofreram violência doméstica e familiar não levaram os casos às delegacias. O alto Índice de Subnotificação Policial de casos no Brasil é um dos dados inéditos do Mapa Nacional da Violência de Gênero, versão ampliada e .gov do Mapa da Violência de Gênero, lançado pela Gênero e Número em 2019. A plataforma reúne os principais dados públicos e indicadores de violência contra as mulheres.
O Mapa é um legado de Estado. A Gênero e Número divide a autoria do projeto com o Instituto Avon e o Observatório da Mulher Contra a Violência (OMV), do Senado Federal. Outro dado inédito do Mapa Nacional da Violência de Gênero mostra que três em cada dez mulheres passaram por algum tipo de violência no Brasil, sem reconhecê-la e nomeá-la.
Este é o Índice de Subnotificação Desconhecida, situação em que mulheres não nomeiam a violência doméstica e familiar, mas, quando apresentada a exemplos, admitem já terem passado por violações. Ambos os índices fazem parte de uma das cinco bases do Mapa, a Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher 2023, realizada pelo Senado.
“O Mapa Nacional da Violência de Gênero é um legado de Estado, pois garante, de forma permanente e atualizada, a transparência de dados públicos. Este acesso é fundamental para proteger mulheres e ajudar a formular políticas públicas com base em evidências quantitativas. O Mapa traz ainda informações fundamentais sobre as mulheres LGBTQIA+, que igualmente são vítimas de múltiplas violências”, afirma Maria Martha Bruno, uma das coordenadoras do Mapa.
Se o Mapa da Violência de Gênero de 2019 trazia duas bases de dados — SIM e Sinan, ambas parte do DataSUS, base do Sistema Único de Saúde (SUS) — o Mapa Nacional da Violência de Gênero amplia para cinco o número de bases: além de SIM e Sinan, o projeto traz números do Sistema Nacional de Segurança Pública (Sinesp), da Base Nacional de Dados do Poder Judiciário (DataJud) e a Pesquisa Nacional de Violência 2023 contra a Mulher, realizada pelo Instituto DataSenado em parceria com o OMV e lançada nesta terça-feira (21).
Com lançamento marcado para esta quarta-feira (22) no Senado Federal, em Brasília, o Mapa Nacional da Violência de Gênero é fruto de parceria entre Estado e sociedade civil. Os números trazidos pelo Mapa são disponibilizados em gráficos simples que trazem recortes étnico-raciais, regionais e séries históricas.
Uma das principais conquistas do Mapa Nacional da Violência de Gênero é a transparência, já que o projeto garante a divulgação do Sinesp a cada dois meses. O acesso aos boletins de ocorrência de todo Brasil do Sinesp foi possível a partir de um Acordo de Cooperação Técnica entre o Mapa e o Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Disponibilizada no Mapa Nacional da Violência de Gênero, a 10ª edição da Pesquisa Nacional da Violência Contra a Mulher traz o maior levantamento do país sobre o tema: foram mais de 20 mil mulheres entrevistadas nesta edição. A pesquisa é de autoria do DataSenado em parceria com o OMV. Entre os dados do levantamento estão os índices de Subnotificação Policial e de Subnotificação Inconsciente. Realizada a cada dois anos desde 2005, a pesquisa foi criada para servir de subsídio para a elaboração da Lei Maria da Penha.
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Jornalista multimídia, com experiência na cobertura de política e cultura, integra a equipe da Gênero e Número desde 2018. Durante três anos, foi produtora da NBC News, onde trabalhou majoritariamente para o principal noticiário da emissora, o “NBC Nightly News”. Entre 2016 e 2020, colaborou com a Al Jazeera English, como produtora de TV. Foi repórter e editora da Rádio CBN e correspondente do UOL em Buenos Aires. Jornalista pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, é mestre em Comunicação e Cultura pela mesma instituição, e atualmente cursa o programa de Doutorado em Comunicação na Texas A&M University, nos EUA.
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