As mulheres já são 45% do total de atletas das olimpíadas e avançam a cada ano em representatividade nos jogos, mas isso ainda não se traduz no espaço e tratamento que elas recebem da mídia. No pouco tempo reservado às esportistas pela imprensa, ainda é recorrente a reprodução de estereótipos de beleza ou fragilidade. Enquanto os homens aparecem como heróis ou ídolos de determinada modalidade, elas costumam receber atenção mais por seus atributos físicos do que pelos feitos profissionais. Sintoma recorrente é que a prática de eleger musas se naturalizou nas redações esportivas, ambientes historicamente dominados pelos homens.
Levantamento feito pelo Gênero e Número com dois programas televisivos semanas antes do início da Rio-2016 mostra que as atletas ocuparam apenas 12,9% do tempo total de transmissão no período. Uma desproporção que se repete na quantidade de colunistas esportivas nos jornais líderes de circulação no país. A subrepresentação da mulher nas duas pontas dessa engrenagem pode ser uma pista para refletir sobre o ciclo pouco virtuoso que conecta exposição midiática a investimento e construção de público.
O vídeo “As atletas segundo a mídia esportiva” retrata uma imprensa que ainda escorrega ao objetificar esportistas, mas que começa a dar sinais de autocrítica e consciência de gênero na cobertura. Os dados e histórias que ilustram este contexto são repercutidos na voz da ex-capitã da Seleção Brasileira de Futebol Aline Pellegrino e pelas jornalistas Sanny Bertoldo, de O Globo, e Gabriela Moreira, da ESPN. Confira o vídeo: