A governadora eleita do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), durante campanha| Foto: divulgação

Eleita governadora do RN no 2º turno, Fátima Bezerra (PT) será única mulher em um governo estadual em 2019

Como em 2014, apenas uma mulher foi eleita entre os 26 Estados do país e o Distrito Federal; Fátima Bezerra amplia o domínio do PT no Nordeste, e o partido contará com quatro governadores na região

Por Maria Martha Bruno e José Lery*

Para as mulheres, o segundo turno deste ano não trouxe alterações em relação às eleições de 2014: se em 2014, Suely Campos (PP-RR) foi a única governadora eleita, desta vez, somente Fátima Bezerra (PT) foi alçada ao posto de governadora de Estado. Ela conquistou 57,6% dos votos no Rio Grande do Norte, superando Carlos Eduardo (PDT), com 42,4%. No primeiro turno, dia 7 de outubro, Fátima obteve 46% dos votos válidos, contra 32% do adversário. Ela vai suceder o atual governador Robinson Faria (PSD), que no primeiro turno ficou em terceiro lugar.

Herdeiro da oligarquia Alves, Carlos Eduardo é primo do senador Garibaldi Alves (MDB) e do ex-ministro Henrique Eduardo Alves (MDB), preso até julho deste ano por suspeitas de corrupção. O pedetista era prefeito de Natal, mas este ano renunciou ao cargo para concorrer ao governo. Ele evitou usar o sobrenome da família durante a campanha.

 

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Fátima será a quarta governadora do PT na região. A legenda também venceu nos estados do Ceará, Bahia e Piauí no primeiro turno. No Rio Grande do Norte, Fátima foi precedida por outras duas mulheres: Wilma de Faria (PSB, governadora entre 2003 e 2010) e Rosalba Ciarlini (DEM, entre 2011 e 2014). O Estado é a unidade federativa do Brasil com mais governadoras eleitas em sua história. O PSDB apoiou a candidatura de Fátima, que também contou com Benes Leocadio (PTC), deputado federal mais votado do Estado, em seu palanque.

Trajetória

Aos 63 anos, Fátima nasceu na Paraíba, mas adotou o Rio Grande do Norte quando se mudou para a capital, Natal, para cursar pedagogia na Universidade Federal do Estado, na década de 1970. Ela foi professora pública na década seguinte e começou sua vida política na Associação dos Orientadores Educacionais do Estado. Também foi secretária-geral da Associação dos Professores e presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Rio Grande do Norte. Ainda na década 1980, a nova governadora se filiou ao Partido dos Trabalhadores, pelo qual se elegeu deputada estadual duas vezes, deputada federal e senadora. Em 2004 e 2008 tentou a eleição como prefeita de Natal, mas perdeu. Ela foi eleita para o senado em 2014.

*Maria Martha Bruno é subeditora e José Lery é analista de dados da Gênero e Número.

 

Carolina de Assis

Carolina de Assis é uma jornalista e pesquisadora brasileira que vive em Juiz de Fora (MG). É mestra em Estudos da Mulher e de Gênero pelo programa GEMMA – Università di Bologna (Itália) / Universiteit Utrecht (Holanda). Trabalhou como editora na revista digital Gênero e Número e se interessa especialmente por iniciativas jornalísticas que promovam os direitos humanos e a justiça de gênero.

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