Dani Monteiro, eleita deputada estadual no RJ pelo PSOL, foi assessora de Marielle Franco, vereadora assassinada em março | Foto: Divulgação

Dobra número de pretas eleitas deputadas estaduais; MS não elege nenhuma mulher para assembleia legislativa

Mulheres passam de 10% a 15% do total de deputados nas Assembleias Legislativas e Câmara Distrital (DF); Pernambuco, Minas Gerais, Alagoas e Roraima dobraram o número de deputadas eleitas em 2018 em relação a 2014, enquanto Pará triplicou (de 3 para 10) e Amazonas quadruplicou (de 1 para 4) número de mulheres em suas casas legislativas

Por Carolina de Assis e Marília Ferrari*

Carolina de Assis

Nas Assembleias Estaduais, as mulheres pretas avançaram mais, proporcionalmente, do que as brancas e as pardas, e estarão presentes com o dobro de peso em 2019 do que em 2015, início da legislatura que se encerra neste fim de ano. Elas passaram das sete eleitas em 2014 para 15 eleitas neste pleito. Em compensação, o Mato Grosso do Sul não elegeu nenhuma mulher como deputada estadual e sua assembleia legislativa será formada apenas por homens a partir do próximo ano.

Foram 163 deputadas estaduais e distritais (no DF) eleitas no último domingo (07/10), 37% a mais do que as 119 eleitas em 2014. As pretas passaram de 7 para 15, as pardas de 29 para 36 e as brancas de 83 para 112. Apesar do aumento, elas ainda são 15% do total de deputados estaduais e distritais eleitos no país, a meio caminho do mínimo de 30% exigido entre as candidaturas para estas casas, segundo a lei de cotas.

[+] Veja também: Câmara dos Deputados terá menos homens brancos e mais mulheres brancas, negras e 1ª indígena em 2019

 

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Apenas sete casas legislativas elegeram pelo menos uma preta: Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Paraíba, Bahia, Pernambuco e Amapá. A Bahia inclusive elegeu em 2018 sua primeira deputada estadual preta em 20 anos, Olivia Santana, pelo PCdoB.

São Paulo é o Estado com a maior assembleia legislativa (94 parlamentares) e quase dobrou o número de mulheres eleitas para suas cadeiras, de 10 em 2014 para 18 em 2018. O Rio de Janeiro vem logo em seguida, com 12 mulheres eleitas no domingo (07/10), quatro delas pretas. Três delas são “sementes de Marielle Franco”, pois foram assessoras da vereadora assassinada em março: Mônica Francisco, Dani Monteiro e Renata Souza, todas pelo PSOL.

Olívia Santana, do PCdoB, foi eleita neste domingo e será primeira deputada estadual preta da Bahia | Foto: Divulgação

Pernambuco, Minas Gerais, Alagoas e Roraima dobraram o número de deputadas eleitas em 2018 em relação a 2014, enquanto Pará triplicou (de 3 para 10) e Amazonas quadruplicou (de 1 para 4) o número de mulheres em suas casas legislativas.

Ceará, Espírito Santo, Goiás, Rondônia, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal são as unidades da federação cujas casas terão menos mulheres em 2019 do que tiveram nos últimos quatro anos. A Assembleia Legislativa do MS passou de três eleitas em 2014 para zero em 2018. Em 1o de janeiro de 2019, todas as 24 cadeiras da casa serão ocupadas por homens.

*Carolina de Assis é editora e Marília Ferrari é infografista da Gênero e Número. Colaboraram as analistas de dados Natalia Leão e Flávia Bozza Martins.

Carolina de Assis

Carolina de Assis é uma jornalista e pesquisadora brasileira que vive em Juiz de Fora (MG). É mestra em Estudos da Mulher e de Gênero pelo programa GEMMA – Università di Bologna (Itália) / Universiteit Utrecht (Holanda). Trabalhou como editora na revista digital Gênero e Número e se interessa especialmente por iniciativas jornalísticas que promovam os direitos humanos e a justiça de gênero.

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