Casas chefiadas por mulheres, responsáveis não só por crianças, mas também por idosos, portadores de deficiência e outros que dependem delas para sobreviver. É essa configuração familiar vulnerável, cuja situação está sendo agravada pela pandemia do coronavírus, o alvo de uma rede de solidariedade que reuniu o Instituto Casa Mãe e o Coletivo Massa na campanha “Segura a curva das mães”. O objetivo da iniciativa, explica Thaiz Leão, fundadora-presidente do Casa Mãe e do projeto mãe solo, é fazer a conexão entre essas pessoas e projetos que podem atendê-las.
“A nossa proposta é ambiciosa. Nossas maiores conexões são no Rio de Janeiro e em São Paulo, mas estamos alcançando o Brasil todo. Estamos em posição estratégica neste sentido”, afirma Leão. “As mães que cuidam de filhos e avós são as mais vulneráveis tanto econômica quanto física e emocionalmente. Eles estão na ponta da pobreza.”
A campanha, que começou no último dia 26 de março, deve receber inscrições de todo o país. A primeira fase, o mapeamento dessas mulheres, termina nesta quinta-feira (2) e já conta com quase 700 pessoas. Em seguida, vem a conexão com redes de apoio, que farão com que a ajuda chegue às mulheres mais vulneráveis e um financiamento coletivo para ajudar a viabilizar o projeto. Quando todas essas mulheres forem atendidas, o cadastramento recomeçará.
“Estamos fazendo a geolocalização dessas mulheres. E, com o nosso ativismo, temos contato com redes que fazem esse trabalho em todo o país. A ideia é pegar cada bloco de mulheres e direcionar para as iniciativas que podem ajudá-las. Estamos lidando com dados muito delicados, temos que ter responsabilidade. Por isso, vamos fazer acompanhamento e monitoramento de todo o processo”, diz Thais Ferreira, do Coletivo Massa.
A ajuda será feita de acordo com o tipo de ação dos projetos parceiros. Se for alimentação, o objetivo é que as famílias recebam uma cesta básica para o mês todo (levando-se em consideração a quantidade de pessoas na casa) e um kit higiene; se for em dinheiro, o valor mínimo é R$ 150 por mês. De acordo com Thaiz Leão, do Instituto Casa Mãe, o trabalho maior será chegar às mulheres onde a campanha não tem uma rede de conexão. Neste caso, o plano B será o contato direto com essa mulher, fazendo com que o acolhimento seja o mais rápido e fácil possível. Para se inscrever ou inscrever outra mulher nesta situação, basta acessar o link bit.ly/curvadasmaes.
Segundo dados do IBGE de 2018, o número de famílias que têm a mulher como responsável por filhos de até 14 anos supera 11 milhões no Brasil. Para as mais vulneráveis aos efeitos da pandemia do coronavírus, o Governo Federal acenou com a Renda Emergencial Básica, aprovada pelo Congresso e sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro, que destinará R$ 600 a trabalhadores informais e R$1.200 para mulheres chefes de família por três meses.