É possível promover uma eleição feminista na política institucional do Rio de Janeiro? A Bancada Feministe, uma aliança suprapartidária de pré-candidatas e ativistas políticas do Estado, acredita ser possível unificar as mulheres progressistas para as eleições deste ano.
Com foco na defesa das pautas “feministas e de combate ao racismo, LGBTIfobia, capacitismo, classismo, xenofobia, perseguição das religiões de matriz africana, intolerância religiosa”, segundo a organização, a bancada convida partidos políticos, mulheres e lideranças políticas de esquerda e feministas para integrarem a frente feminista popular.
“Consideramos a execução da companheira Marielle Franco como um reflexo do crescimento do fascismo e suas estruturas racistas, lgbtifóbica, misógina e conservadora no Brasil. E por isso nos sentimos convocadas a dar uma resposta prática”, pontua a organização em um manifesto divulgado no dia 20 de junho.
“Além de um pacto por mandatos que defendam as mulheres, também servimos de espaço acolhedor para novas candidaturas que estão entrando nos partidos agora ou de suporte técnico para as candidatas que se vêem em campanhas não prioritárias nas estruturas partidárias. A Bancada é um espaço de segurança para as mulheres, candidatas e eleitoras”, disse Dríade Aguiar, gestora de comunicação do Fora do Eixo, fundadora da Mídia Ninja e uma das organizadoras da iniciativa, a Gênero e Número.
A Bancada Feministe foi criada por mulheres da sociedade civil e pré-candidatas do PT, PSOL, PCdoB e PSB. As reuniões acontecem de forma quinzenal e todas as decisões se dão coletivamente, explicou Aguiar. O uso da letra “e” em “feministe” é utilizado, segundo a ativista, para reconhecer e representar a comunidade transgênero.
A frente feminista lançou um termo de compromisso a ser assinado por pré-candidatas e ativistas em adesão às pautas feministas. Entre as prioridades estabelecidas no termo está a defesa pela paridade entre mulheres e homens na política, a descriminalização e legalização do aborto, a luta pela criação da Secretaria de Estado de Políticas para as Mulheres do Rio de Janeiro e a luta pela pela garantia dos direitos à identidade, de ir e vir, acesso à educação, saúde integral, empregabilidade e representatividade das pessoas trans.
Até o fechamento desta reportagem, o manifesto trazia 127 assinaturas de pré-candidatas, ativistas e integrantes de partidos políticos. Dessas assinaturas, 26 são de pré-candidatas de PT, PCdoB e PSOL, que se comprometeram a levar essas pautas para o Executivo e o Legislativo, caso sejam eleitas. Entre elas estão Marcia Tiburi, pré-candidata a governadora do Estado pelo PT, Jandira Feghali (PCdoB), pré-candidata à reeleição como deputada federal, e as pré-candidatas a deputada estadual Tainá de Paula (PCdoB), Thais Ferreira (PSOL) e Jaqueline de Jesus (PT).
*Vitória Régia da Silva é jornalista e colaboradora da Gênero e Número.