Gênero e Raça com Joice Hasselmann (PSL)

O que pensam algumas das candidatas a prefeita nas eleições de 2020 sobre direitos e violência contra mulheres e LGBTs e desigualdade racial? A Gênero e Número foi ouvi-las. Hoje, conversamos com Joice Hasselmann, do PSL, que concorre em São Paulo

Da Redação Gênero e Número 

Candidata a prefeita de São Paulo, Joice Hasselmann tem 3% das intenções de voto, segundo pesquisa mais recente do Datafolha |Foto: Arquivo pessoal

Deputada federal em primeiro mandato, Joice Hasselmann é uma novata na política. Formada em jornalismo, desistiu da carreira para disputar uma vaga no Congresso Nacional em 2018, como uma aliada de primeira hora do então candidato à presidência Jair Bolsonaro. Eleita a deputada federal mais bem votada por São Paulo, ao superar a marca de 1 milhão de votos, tornou-se a voz do presidente Bolsonaro na Câmara. No ano passado, após racha interno no PSL, afastou-se do presidente e perdeu capital político. Segundo pesquisa Datafolha de 22 de outubro, ela tem 3% das intenções de voto para a Prefeitura de São Paulo, mas, em entrevista recente ao jornal O Globo, afirmou: “Eu ainda não estou liderando o processo, mas se eu for para o segundo turno, engulo qualquer um”.

E se for eleita, quais são suas propostas  para garantir os direitos das mulheres e LGBTs e combater a desigualdade racial?

Confira a entrevista:

Qual a sua principal política para enfrentar a violência contra as mulheres? Pretende mudar a estrutura da Secretaria de DH e Cidadania, criando, por exemplo, uma Secretaria das Mulheres? 

Eu sou uma das autoras da legislação que corrigiu a falha na Lei Maria da Penha, a falha que foi feita pelo presidente da República à época, o Michel Temer, que vetou um trecho importante da lei original. Hoje, delegados já podem aplicar medidas protetivas para a mulher. Isso foi um texto que eu apresentei, e as mulheres abraçaram dentro da Câmara dos Deputados.
Em relação à pauta municipal, é importante que a mulher tenha liberdade de ir e vir, de deixar esse marido violento e tenha um lugar para estar com seu filho. Nós sabemos que não tem casas em número suficiente para atender essas vítimas de violência. Então, eu vou criar um programa para que essas mulheres tenham um valor de um aluguel para ter um teto decente por um período mínimo de seis meses, para que tenha esse tempo para reencontrar seu caminho, muitas vezes reinserção no mercado de trabalho … Ela vai ter esse apoio da prefeitura.
Quanto à criação da Secretaria das Mulheres, é uma ideia boa, a ser pensada. Podemos criar uma Secretaria das Mulheres, mudar essa estrutura, ou uma subsecretaria dentro dessa secretaria, mas é preciso ter um olhar diferenciado voltado para a pauta feminina.

 

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Qual a sua principal política para a população LGBT? 

Respeito para todos. População LGBT, população hétero, toda a população de São Paulo. Respeito e liberdade. É disso que todos precisam.

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Qual o plano para a volta às aulas? Como resolver a questão da merenda para alunos que não frequentem a creche, ainda por causa da pandemia?

Em relação à merenda, os alunos têm que receber o valor. Muitos desses alunos só têm a merenda como principal refeição. Então, os alunos têm que receber o valor e acabou. Se a prefeitura destinaria o valor da merenda para uma escola, tem que destinar o valor da merenda para essas crianças. Essa questão tem que ser resolvida. E eu sou a favor da reabertura total de todas as unidades escolares, creches, escolas municipais, todas.

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Racismo é crime, é crime inafiançável, tem que ser tratado como crime inafiançável. É inadmissível que em pleno século 21 a gente ainda tenha que discutir questões envolvendo racismo. É algo realmente que o Brasil já deveria ter superado há muito tempo.

Qual a sua principal política para enfrentar a desigualdade racial?

A melhor forma de enfrentar qualquer desigualdade, seja ela social ou racial, é você igualar condições. E a gente iguala condições com educação. Ter uma boa escola pública, que dê condição das crianças pobres, das crianças negras, de todas as crianças terem competitividade assim que entrarem no mercado de trabalho. Uma boa educação, uma escola pública de qualidade, a universidade pública de qualidade, esse é o melhor caminho para a gente enfrentar qualquer tipo de desigualdade, seja desigualdade racial ou social. Racismo é crime, é crime inafiançável, tem que ser tratado como crime inafiançável. É inadmissível que em pleno século 21 a gente ainda tenha que discutir questões envolvendo racismo. É algo realmente que o Brasil já deveria ter superado há muito tempo.

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