“A violência contra mulheres jornalistas é o modus operandi do bolsonarismo”

O IMPACTO DA DESINFORMAÇÃO E DA VIOLÊNCIA POLÍTICA NA INTERNET

Vera Magalhães é jornalista, colunista no jornal O Globo e especializada na cobertura de poder desde 1993. É também âncora do “Roda Viva”, na TV Cultura, e comentarista na rádio CBN. É uma das 7 pessoas entrevistadas em profundidade para a pesquisa “O Impacto da Desinformação e da Violência Política na Internet contra jornalistas, Comunicadoras e Pessoas LGBT+”

Você percebe que há uma naturalização do discurso de ódio no meio jornalístico? Se sim, de que maneira?

Eu sinto que há essa naturalização do discurso de ódio em relação aos jornalistas e acaba gerando também nos jornalistas, principalmente nas jornalistas, uma postura reativa muitas vezes. Então a gente acaba também reagindo a isso porque ninguém consegue ser impactado por tantas mensagens de ódio e passar indiferente. Ao longo de muitos anos sendo alvo desse tipo de tática, eu acabei desenvolvendo algumas estratégias também para lidar com esses ataques: coloquei todos os filtros nas minhas redes sociais. Então eu não recebo a maioria dos comentários, eu não entro nas mensagens pra ler os comentários, eu só vejo o que chega como menção no caso do Twitter ou as mensagens das pessoas que têm suas contas verificadas. Eu procuro me esquivar um pouco, mas se por acaso eu faço um exercício de num post mais polêmico ou um post que remete a uma coluna mais polêmica, dar uma olhada, é impressionante. As pessoas realmente naturalizaram dirigir ofensas a jornalistas e principalmente a mulheres. Muitas pessoas usam avatares falsos e nomes falsos, mas muitas colocam sua própria cara, a cara dos filhos ali, fotos com a família e põem seus verdadeiros nomes e se acham no direito de proferir às vezes até ameaças além das ofensas mais absurdas. Então existe sim [discurso de ódio no jornalismo], não tenho a menor dúvida de que sim.

Você percebe que há alguma relação entre o bolsonarismo e o próprio governo Bolsonaro com esses discursos de ódio? 

Existe, existe. Essa ascensão da direita, depois se mostrou uma extrema direita, que vem ali de uns anos antes da eleição de 2018 sendo construída nas redes sociais por meio dessa promoção do Jair Bolsonaro como mito [sinaliza com as mãos o gesto de aspas], como um herói. Isso galvanizou a eleição dele de alguma maneira, e já era toda uma narrativa construída com algumas premissas: o antipetismo, o anti-establishment, e dentro desse discurso anti-establishment, a oposição à imprensa, à imprensa profissional também já era um dos pilares. Ele deu uma moderada nisso durante a eleição, até se apresentou em algumas entrevistas, nos primeiros debates antes da facada, mas aí veio a facada, começou essa narrativa a ganhar proporções ainda maiores com o argumento de que ele quase morreu e Deus o salvou e etc. E aí ele procurou realmente se dissociar da imprensa, não foi mais a debates, não foi mais a entrevistas e passou a privilegiar a sua comunicação direta com essas massas já bastante radicalizadas. Então da campanha pra cá isso foi uma escalada contínua e o presidente começou a fazer todo um discurso anti-imprensa, dizer que não ia mais assinar jornais, que não dava mais entrevistas para jornais, a falar direto no cercadinho com aqueles seus seguidores mais radicalizados. E isso foi crescendo e a violência também foi crescendo. Era ainda início de 2020, portanto antes da pandemia, quando eu divulguei no Estadão que ele estava pessoalmente convocando para atos que tinham como mote o fechamento do Congresso, o fechamento do Supremo, que aconteceriam no dia 15 de março de 2020. Pois bem, o presidente foi para a TV, dentro do Palácio [do Planalto], foi para as redes sociais me xingar, dizer que não era da minha laia, dizer que eu havia mentido. Ele próprio. Sempre houve, por parte dos poderosos, a tentativa de estigmatizar a imprensa, mas algo tão violento e personalizado na pessoa física de alguns jornalistas, principalmente mulheres, é modus operandi típico do bolsonarismo e personificado pelo presidente Jair Bolsonaro. 

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O modelo de negócio do jornalismo está em discussão no mundo inteiro porque as pessoas passaram a achar que elas não precisam pagar por informação, mas nesses momentos em que a vida depende de informação, aí a imprensa cresce. 

Você acredita que há uma perda de confiança na mídia por parte da sociedade? E  considerando os diferentes tipos de mídia também? 

Eu acho que isso tem momentos e momentos em que vai e volta. Eu acho que houve e há uma perda, não só de confiança, mas principalmente as pessoas estão deixando de ler jornais, por exemplo, achando que podem se informar diretamente pelas redes sociais. Há uma desconexão muitas vezes entre a imprensa e o público, mas em momentos de gravidade como o da pandemia, você tem um movimento de volta, as pessoas fizeram um movimento de volta aos meios de comunicação tradicional, então as TVs abertas viram a sua audiência subir, as TVs a cabo noticiosas também experimentaram recordes de audiência, todos os jornais tiveram nesse período da pandemia os seus próprios recordes de audiência na internet, até crescimento em venda de assinaturas. Então na hora em que “o bicho pega” e que a sua vida depende da informação, eu vejo que a imprensa ganha musculatura, ganha relevância e volta a angariar público. Aí eu acho que cabe a nós, como jornalistas, como imprensa profissional, termos um meio de manter esse público que voltou com a pandemia, mantê-lo por meio de informação de qualidade, de informação segura, checada, compromisso com essa informação, responsabilidade na hora de publicar. O modelo de negócio do jornalismo está em discussão no mundo inteiro porque as pessoas passaram a achar que elas não precisam pagar por informação, mas nesses momentos em que a vida depende de informação, aí a imprensa cresce. 

E quanto ao contexto da pandemia, você  avalia que escalou de alguma maneira a propagação de discurso de ódio? 

De discurso de ódio, de fake news, de negacionismo, de desinformação, foi um terreno fértil para tudo isso, mas também foi um desenho fértil para isso que eu falei anteriormente, de reafirmação do papel da imprensa, foi quando se criou por exemplo o consórcio de veículos de imprensa. O governo [federal] ameaçou deixar de dar informação essencial, primordial, que eram os dados da pandemia. Começou a rever esses dados e deixar de divulgá-los com a assiduidade que vinham sendo divulgados. Muito rapidamente a imprensa se juntou num consórcio e a informação do consórcio de veículos de imprensa passou a ser a mais usada, a mais confiável para saber o estágio da pandemia, o número de mortos, número de casos, de contágios, de internações. Então foi um outro lado da moeda. percebo que cresceu a relevância da imprensa, mas claro, até impulsionado pelo presidente, pelo seu entorno, pela maneira como ele geriu de forma absolutamente irresponsável a pandemia, a desinformação cresceu muito e isso teve impacto na nossa resposta muito ruim e no número de mortes muito elevado que o Brasil tem.

E quanto ao poder público, como você percebe a atuação nas questões relacionadas à liberdade de imprensa?

De uma maneira muito ruim porque até isso o bolsonarismo conseguiu deturpar, que é o conceito de liberdade de imprensa e de liberdade de expressão. Passou a usar as redes sociais e até alguns supostos veículos, mas que na verdade são blogs a serviço do bolsonarismo, inclusive já comprovadamente pagos com recursos públicos ou com recursos de empresários bolsonaristas para propagar a desinformação, as fake news, os discurso de ódio e ameaças a instituições, como se isso estivesse abrigado pelo guarda-chuva da liberdade de expressão, quando liberdade de expressão não significa liberdade para o cometimento de crimes, crimes que estão previstos no código, estão previstos aí em todo o ordenamento jurídico brasileiro. Então sob a alegação de que defende a liberdade de expressão na verdade o que o Governo quer é revogar todas as leis que sejam no sentido de inibir cometimento de crimes cibernéticos, de crimes contra a honra de propagação de discurso de ódio, de propagação de desinformação, inclusive agora tentando mexer no Marco Civil da Internet. É um uso absolutamente equivocado do conceito de liberdade de imprensa ou de expressão ou de opinião. 

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Os veículos para os quais eu trabalho e trabalhava sempre foram muito presentes, inclusive colocando o jurídico à minha disposição, me defendendo em notas, em matérias, etc, reafirmando as reportagens, mas cobra o preço [o ataque de ódio], certamente cobra um preço em termos de saúde mental. Você se sente de fato fragilizado. 

Você já sofreu algum tipo de violência, algum tipo de ataque na internet? E acredita que  geralmente os ataques estão mais relacionados ao tema da matéria ou a você?

Bom, muitos ataques. Eu já sofria ataques desde antes do bolsonarismo, também sofri ataques daqueles blogs mais ligados ao PT na época do Mensalão, depois na época da Lava Jato, do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, pelo fato de estar em veículos que cobriram de uma maneira bastante crítica também os governos do PT, aliás, quaisquer governos porque esse é o papel da imprensa. Então eu era associada a um antipetismo nessa época e havia já críticas e essas críticas já eram de conotação muito pessoal, eram pouco ligadas às reportagens, muito ligadas ao fato de “ah, o marido dela trabalha não sei onde, ah ela é casada com não sei quem”, esse tipo de ataque misógino, machista que mira no pessoal, mas isso era algo difundido na blogosfera e em veículos, mas nunca personificada na figura do presidente da República, nem o Lula e nem a Dilma, e isso faz a diferença porque isso autoriza o espalhamento do ataque e a elevação do tom muitas vezes. Então com o Jair Bolsonaro, que eu critico desde antes dele ser eleito, desde a eleição, ele sempre assume, ele e os filhos, o ataque. Ele posta, ele te marca. E quando te marca, vem uma matilha pra cima de você, marcar a sua arroba. É um apito para virem para cima de você e aí sempre dessa forma misógina, dessa forma querendo te associar a um ou a outro partido. Até de petista eu fui chamada pelos bolsonaristas. O ápice, realmente o momento de maior ataque, foi esse em que eu contei que o Bolsonaro estava convocando para atos antidemocráticos, aos quais depois ele até compareceu, corroborando a minha matéria, mas ninguém desmentia a matéria, era sempre um ataque muito violento a mim. Nessa ocasião, vieram ameaças mais claras com a publicação, por exemplo, de onde os meus filhos estudavam, nome da escola dos meus filhos, que eu tive de recorrer para que o Twitter tirasse aquela postagem porque colocava os meus filhos em risco. Então foi a vez em que eu senti essa violência de uma forma mais exacerbada, o presidente ir pra uma rede de TV para me atacar pessoalmente. Tive até reações físicas, passei mal, então foi a vez mais violenta, foi em fevereiro de 2020. Isso ajuda a gente a desenvolver um certo couro grosso, você vai pra cima, você não se intimida. Os veículos para os quais eu trabalho e trabalhava sempre foram muito presentes, inclusive colocando o jurídico à minha disposição, me defendendo em notas, em matérias, etc, reafirmando as reportagens, mas cobra o preço [o ataque de ódio], certamente cobra um preço em termos de saúde mental. Você se sente de fato fragilizado. 

Você comentou que recorreu sobre uma informação específica no Twitter, mas você costuma recorrer sempre? Como lida com isso nas redes sociais? 

Quando é ameaça ou quando se apoderam na minha foto pra abrir perfil fake ou do meu nome, ou quando associam alguma produção minha à desinformação eu geralmente tento reportar [às plataformas] para que seja derrubado porque eu acho que se a gente deixar propagar a desinformação, é algo que vai ficar para sempre ali e vai ser relacionado ao seu nome. Então sim. Mas às vezes em que eu precisei de acompanhamento jurídico mais sistemático foi nesse caso que contei anteriormente, e também num processo de stalkeamento que eu sofri de uma figura bolsonarista que tem espaço nos meios de comunicação e que passou a me stalkear com frequência. Esse eu processei, mas não é algo recorrente. Analiso quando passa dos limites, quando extrapola e peço para as plataformas removerem ou eu aciono um advogado que trabalha comigo para tomar as providências na justiça.

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É insuficiente a maneira como as plataformas respondem a esse estado de coisas. Acho que cada vez mais a gente tem que brigar para que as plataformas não se portem somente como plataformas mesmo, mas sim como produtoras de conteúdo porque é isso que elas são.

Como são as respostas das plataformas? Elas costumam acatar? 

Varia. Nesse caso da escola dos meus filhos, eles foram muito rápidos, o Twitter retirou a postagem do ar, assim como retirou uma outra postagem que era ameaçadora, dessa mesma época, que agora eu não me recordo exatamente o teor, mas muitas vezes, quando é discurso de ódio ou quando é desinformação e você reporta, eles vêm com uma resposta genérica de que aquilo não ofende a política da plataforma, que eles analisaram e avaliaram que não ofende a política da plataforma. Mesmo durante o curso da pandemia, coisas que não eram ligadas diretamente a mim, que eram desinformações nítidas, mentiras, que eu reportava, muitas vezes veio essa resposta. Eu acho que é insuficiente a maneira como as plataformas respondem a esse estado de coisas, sabe? E eu acho que cada vez mais a gente tem que brigar pra que as plataformas não se portem somente como plataformas mesmo, na linha do “Ah, o conteúdo está lá e a gente não tem nada a ver com isso”, mas sim como produtoras de conteúdo porque é isso que elas são, elas podem não estar produzindo, mas o que todos os usuários estão produzindo de conteúdo é revertido para as plataformas na forma de monetização e há, sim, que ter responsabilidade solidária pelo que vai ali, ainda mais no curso de uma emergência sanitária. Então eu vejo que a pandemia teve vários ensinamentos e um deles é reforçar essa impressão que eu já tinha de que cada vez mais as redes sociais têm que trabalhar como produtoras de conteúdo e não só plataformas estanques, que estão ali e que não têm nada a ver com aquilo. É uma longa batalha no Brasil e no exterior, mas ainda é insuficiente essa resposta.

Você percebe que há algum tipo de violência específica contra jornalistas mulheres e pessoas LGBT+? E o que que você acha que diferencia essa violência das demais? 

Com certeza existe, é uma violência de gênero muito clara porque eles avaliam que a mulher é mais frágil, que a mulher vai se intimidar e vai recuar diante desse tipo de ataque violento, mas eu percebo que o efeito tem sido o contrário, hoje em dia quem está na linha de frente da denúncia dos abusos, dos arbítrios do governo, do autoritarismo do presidente, dos absurdos cometidos durante a pandemia, são as jornalistas mulheres, são elas as que têm feito o trabalho mais relevante de denúncia, posso citar várias: Patrícia Campos Mello, Miriam Leitão, Constança Rezende. Tem aí uma lista grande de mulheres que estão na linha de frente e que não recuaram um milímetro diante desses ataques que são muito violentos. No caso da Patrícia Campos Mello, um deputado foi para uma tribuna acusá-la de prostituição para obter informação. Ela tá processando, já ganhou em várias instâncias do deputado Eduardo Bolsonaro, de outros, ela processa inclusive o presidente Jair Bolsonaro e ela tem tudo para ganhar [a entrevista foi concedida antes da decisão da Justiça de condenar o presidente Jair Bolsonaro por danos morais] porque ela foi submetida a um linchamento virtual com ameaças inclusive físicas. A Folha de São Paulo teve de colocar um segurança pra cuidar dela. É muito sério isso e é violência de gênero nitidamente. Ultimamente há alguns levantamentos que quando um jornalista e uma jornalista assinam juntos uma matéria, o ataque vai todo para mulher, como aconteceu recentemente com uma série da repórter Juliana Dal Piva que assinava com um colega e a medição dos ataques a um e a outro nas redes sociais era uma coisa totalmente desproporcional. Os ataques a ela eram muito maiores, as menções ao nome dela eram muito maiores. Geralmente tem um apagamento da mulher, mas nesse momento o apagamento é do homem e sobra tudo para a mulher. Eu acredito que com os LGBT+ seja a mesma coisa, não estou na pele deles, não consigo opinar, mas eu vejo muito discurso homofóbico quando o jornalista em questão é LGBT+, então eu acho que é equivalente. 

E você acredita que o vínculo empregatício, o tamanho da empresa, o alcance da mídia e o tema que está sendo publicado influenciam na possibilidade de sofrer algum tipo de ataque? 

Nesse caso, eu precisaria de mais dados para opinar, porque eu tenho trabalhado em veículos da grande imprensa há muito tempo, então eu não sei como isso se dá com os veículos da imprensa alternativa. Eu acredito que seja mais violento e que a dificuldade de reagir seja maior, justamente porque não tem tanto espaço, porque não tem tanta estrutura, porque não tem tanto dinheiro. No caso da grande imprensa, os ataques são grandes justamente porque elas têm um grande poder de atingir público, então quando o governo Jair Bolsonaro mira, por exemplo, do grupo Globo, ele faz porque ele sabe que é um grupo que fala com uma grande parcela ainda da sociedade brasileira e que estigmatizar esse grupo é um projeto político também, um projeto de poder. Assim como já foi do PT no passado, nisso os dois têm o mesmo alvo. Então eu não sei qual é a realidade dos veículos alternativos, precisaria ter alguém mais bem posicionado para falar sobre isso do que eu.

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Eu não tenho nenhuma vocação para querer ser mártir ou Joana D’Arc do jornalismo, eu tenho a minha vida e eu pretendo continuar a vivê-la por muito tempo, mas eu também não deixo esse tipo de pensamento me paralisar

Atualmente você se sente segura exercendo a profissão de jornalista?

Eu procuro não pensar muito nisso não, a minha família, os meus amigos que não são jornalistas, eu vejo uma preocupação crescente deles com isso, algo como “ah, não sai sozinha; ah, eles sabem onde você trabalha; ah não publique nada que relacione com a sua vida pessoal”. Eu recebo muitos conselhos nesse sentido, principalmente de quem não é jornalista, mas eu fico pensando que se a gente enveredar por aí a gente já não vive numa democracia. Se os jornalistas tiverem que começar a tomar esse tipo de cuidado, ou as empresas jornalísticas tiverem de tomar esse cuidado com os seus profissionais, é porque realmente a gravidade da nossa situação é brutal. Eu não tenho nenhuma vocação para querer ser mártir ou Joana D’Arc do jornalismo, eu tenho a minha vida e eu pretendo continuar a vivê-la por muito tempo, mas eu também não deixo esse tipo de pensamento me paralisar porque se você começar por aí, você vai começar a cometer alto censura obrigatoriamente e, diante do descalabro que a gente vive, com um governo que assiste quase 600 mil mortes e continua falando atrocidades em relação à pandemia, um governo que ameaça as eleições, que ameaça as instituições, que ameaça não cumprir ordem judicial, você calar ou tentar algum tipo de neutralidade diante de situações como essa significa você se omitir e faltar com o seu dever jornalístico. Então eu prefiro deixar essa história de medo fora da minha cabeça, nos momentos em que eu não estou trabalhando tentar espairecer para também não ficar ali sobrecarregada com esse estado de coisas, mas continuar fazendo o meu trabalho com a coragem que eu acho que eu tenho que fazer.

Agnes Sofia Guimarães Cruz

Jornalista e pesquisadora. É Mestre em Comunicação pela UNESP e atuamente está concluindo o Doutorado em Linguística Aplicada pela Unicamp, em pesquisa sobre Ativismo de Dados e Segurança Pública. Já publicou em sites como Agência Pública, Ponte Jornalismo, Gênero e Número, Porvir e UOL. Em 2015, foi uma das finalistas do Prêmio Jovem Jornalista, do Instituto Vladimir Herzog. Atua como jornalista freelancer em temas ligados a gênero, raça, tecnologia e educação, e também atua como consultora de projetos de pesquisa e orientados por dados. Gosta de praia, música e escreve poesia às vezes.

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