Gênero e Número
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Gênero e Número fez história no 6º Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados: tornando-se a primeira organização a vencer em duas categorias na mesma edição do prêmio. A cerimônia de premiação foi realizada em Brasília no dia 5 de dezembro como parte da programação do América Aberta, maior encontro de dados abertos da América Latina e do Caribe. Nesta edição do prêmio, foram 143 trabalhos inscritos em quatro categorias.
“Ganhar em duas categorias do Prêmio Cláudio Weber Abramo é uma grande honra para a Gênero e Número, pois demonstra não apenas a excelência técnica e o compromisso com a qualidade dos dados, mas também o impacto social do nosso trabalho. Esse reconhecimento fortalece nossa missão de promover a justiça social por meio de dados especializados em gênero, raça e sexualidade, impulsionando transformações sociais e subsidiando a tomada de decisões e a participação cidadã”, declarou Vitória Régia da Silva, presidente e diretora de conteúdo da Gênero e Número..
O Mapa Nacional da Violência de Gênero foi premiado na categoria Dados Abertos, que reconhece “trabalhos realizados graças à Lei de Acesso à Informação ou abertura das bases de dados públicas que prezam pela publicação do código-fonte e da metodologia adotada”.
“Impecável documentação, metodologia excepcional, importante incidência de narrativa e grande colaboração com o setor público, sociedade civil e imprensa”, considerou o júri sobre o Mapa.
O Mapa Nacional da Violência de Gênero é uma plataforma pública e unificada de dados e indicadores sobre violência contra as mulheres no Brasil, criada em parceria entre a Gênero e Número, o Instituto Avon, incorporado pelo Instituto Natura em julho deste ano e o Observatório da Mulher contra a Violência (OMV) do Senado Federal.
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Maria Teresa Prado, coordenadora do OMV, disse que o prêmio é um “reconhecimento extraordinário” ao Mapa, que reafirma sua excelência e celebra sua contribuição à transparência, ao jornalismo de dados e à abertura de informações públicas.
“Isso demonstra que o Mapa não apenas inova tecnicamente, mas também se destaca como uma ferramenta atual e essencial para a compreensão e o enfrentamento da violência contra mulheres e meninas no Brasil. Para nós, do Observatório da Mulher contra a Violência do Senado Federal, é uma honra participar de uma iniciativa que traduz qualidade, impacto e compromisso com a transformação social”, disse Prado.
Beatriz Accioly, coordenadora de Parcerias e Relações Institucionais do Instituto Natura, afirmou que o reconhecimento do Mapa pelo prêmio Cláudio Weber Abramo “nos enche de alegria, pois acreditamos na informação não como um fim, mas como um meio para o acesso à cidadania e à justiça social”.
“Dados de qualidade são instrumentos para a conscientização de toda a sociedade e ferramentas para que instituições possam tomar decisões baseadas em evidências, monitorando nossas leis e políticas públicas, bem como criando e aprimorando soluções para mudar a realidade da população feminina do país, garantindo sua segurança e bem-estar”, disse Accioly.
Em junho de 2024, o Mapa Nacional da Violência de Gênero recebeu o prêmio de Impacto Global na Qlik Connect 2024, conferência anual voltada a identificar e promover avanços no campo da ciência e inteligência de dados. E, em novembro, o Mapa foi finalista no Troféu Rastilho do 6º Prêmio Livre.jor de Jornalismo-Mosca, que celebra iniciativas de dados dedicadas a trazer informações de interesse público à luz.
“Narrativa muito envolvente”
Já o projeto “Caminhos da Alimentação: O que chega à mesa de mulheres negras”, recebeu o Prêmio Cláudio Weber Abramo na categoria Inovação, que celebra “trabalhos de jornalismo de dados que experimentem com novas tecnologias ou formatos inovadores”.
Segundo o júri, o projeto apresenta “uma narrativa que vai além dos dados tabulares para tratar de um tema pouco abordado pela imprensa, ao mesmo tempo que dá contexto a infográficos através de uma narrativa muito envolvente”.
“Caminhos da Alimentação” é uma narrativa visual guiada por dados que combina fotografia, vídeo, texto e gráficos, e coloca o maior grupo demográfico do Brasil, as mulheres negras, no centro do debate sobre o acesso à comida de verdade. A partir dos dados e das histórias de quatro mulheres negras do Nordeste, mostramos como a sobrecarga de jornadas de trabalho, renda, tarefas de cuidado, acesso a transporte e saúde influenciam na aquisição e no consumo do alimento que chega à mesa.
Caminhos da alimentação: o que chega à mesa das mulheres negras
“Experimentamos novas formas de mostrar a relação das pessoas com a alimentação em diversas dimensões de suas vidas. A composição entre conteúdo audiovisual e visualizações de dados qualitativos sobre o cotidiano dessas mulheres, em um site que convida a uma navegação longa e imersiva, ajuda a aproximar o leitor do debate sobre sistemas alimentares a partir de um ponto de vista sensível e humanizado”, explicou Marília Ferrari, diretora de design da Gênero e Número e uma das gestoras do projeto.
Para Vitória Régia da Silva, diretora de conteúdo da Gênero e Número, que também coordenou “Caminhos da Alimentação”, o prêmio “celebra não apenas a inovação técnica da reportagem, mas também o compromisso ético de ecoar vozes e dar visibilidade a experiências frequentemente negligenciadas”.
O Prêmio Cláudio Weber Abramo é o mais importante prêmio de jornalismo de dados do país. Realizado desde 2019, é uma iniciativa da Escola de Dados, da Open Knowledge Brasil, em parceria com a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e Transparência Brasil. Em suas seis edições, o prêmio teve mais de 700 trabalhos inscritos, 84 finalistas e 24 trabalhos premiados.
Essa não é a primeira vez que a Gênero e Número é reconhecida no Prêmio Cláudio Weber Abramo. Em 2023, a reportagem visual “Branco e masculino, STF pode mudar em 2023” foi premiada na categoria Visualização.