Quando falamos em mulheres, de que mulheres estamos falando? Das com cromossomos XX? Das que são mães? Das que engravidam? Das que menstruam? Das que têm alguma deficiência? Das migrantes? Das negras? Das trans? Das que vivem na periferia? Das que têm mais de 50 anos? Das que estão cumprindo pena na prisão? Das que estão em situação de rua?
A pergunta pode ser simples, mas a resposta consegue ser complexa – e até controversa – para muita gente. O que é necessário para a real inclusão de um grupo dentro de outro que o abrange?
Sou uma das embaixadoras da Rede da Mulher Empreendedora (RME), uma das maiores redes de empreendedorismo feminino do Brasil, com mais de 1 milhão e 200 mil mulheres. Mulheres múltiplas em sua essência e também em suas particularidades.
A RME tem diversas iniciativas e há muito tempo percebemos que, quando chamávamos TODAS as mulheres para qualquer evento, curso ou capacitação, mulheres cis, brancas, sem deficiência, heterossexuais e não-periféricas eram a grande maioria das que compareciam.
Foi então que a RME começou a criar grupos específicos para tentar trazer outras mulheres. Grupos para mulheres negras, periféricas, trans, e assim por diante. Nesses encontros, começamos a falar que sempre que a RME faz um convite e chama mulheres, de fato, são TODAS as mulheres.
Essa atitude foi necessária para que pudéssemos trilhar o verdadeiro caminho da inclusão. Inclusão não é somente contabilizar diversidades, mas criar sentido de pertencimento. Não basta convidarmos para a festa, temos que perguntar se a pessoa convidada está gostando da música, se quer dançar, se prefere ficar sentada observando ou de pé conversando.