Só falta o presidente Lula escolher um nome

Palácio do Supremo Tribunal Federal na Praça dos Três poderes em Brasília. Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Estamos há poucos dias de um momento histórico no Brasil. Isso, se o Presidente Lula indicar uma mulher negra para assumir uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF). Em 132 anos, a mais alta corte do Judiciário nunca teve uma jurista negra como ministra. Um lapso temporal que escancara o racismo estrutural à brasileira.

Além disso, o clamor de mudança no exercício de interpretação e aplicação do Direito – que determina a maior parte da nossa vida cotidiana e tem colocado pessoas negras e pobres na precarização judicial – produziu uma avalanche de conteúdos na imprensa sobre a importância de que uma jurista negra assuma lugar no STF.

O assunto foi pautado por movimentos sociais, pelo setor jurídico, por políticos e por diversos atores e setores da sociedade comprometidos com os direitos humanos. Até a Ministra Cármen Lúcia deixou claro seu posicionamento: “Não há razão para que não haja uma mulher negra no STF”, declarou em entrevista. Agora, só falta o Presidente Lula escolher um nome.

Vale ressaltar que não é qualquer nome. Precisa ser uma jurista negra progressista, orientada por análises profundas sobre a realidade da população brasileira, que tenha interesse no indivíduo, que promova justiça social a partir de seu notório saber jurídico e que tenha um histórico de atuação alinhado com os movimentos sociais que lutam pela redução das desigualdades.

Nesse sentido, alguns nomes estão em evidência atualmente: A juíza carioca Adriana Cruz, a promotora baiana Lívia Sant’Anna Vaz, a advogada gaúcha Soraia Mendes e a advogada baiana Vera Lúcia Araújo são as mais cotadas pelos movimentos sociais para o cargo.

As três primeiras juristas compõem a lista tríplice do movimento Mulheres Negras Decidem (MND), que desde maio de 2023 vem realizando uma série de ações para sensibilizar o presidente Lula e chamar atenção da sociedade para a importância de haver uma jurista negra progressista no STF.

Outras ações estão previstas para os próximos dias, como o lançamento de um estudo sobre a participação de mulheres negras no Judiciário brasileiro. A publicação vai oferecer um novo olhar sobre a configuração simbólica do poder Judiciário e seu impacto na percepção penal do sistema de justiça, logo, na vida de milhares de pessoas.

Confira o calendário de ações do MND para os próximos dias

Sexta- feira – 22/09 – Ação com faixas na Radial Leste e na Paulista / Colagem de Lambes – SP

Domingo – 24/09 – Ação com faixas nas praias do Rio de Janeiro

Terça-feira 26/09 –  Lançamento do estudo Mulheres negras pela transformação do Poder Judiciário. Local: Geledés – Instituto da Mulher Negra – SP

Quem leu essa Artigo também viu:

Movimento Mulheres Negras Decidem

Fundado em 2018, o movimento Mulheres Negras Decidem busca qualificar e promover a agenda liderada por mulheres negras na política institucional, fortalecendo a democracia brasileira e usando como estratégia a superação da falta dessa representatividade nas instâncias de poder. Atuamos por meio de formação política, reposicionamento de temas na agenda pública, pesquisas centradas em dados e comunicação ativista.

Se você chegou até aqui, apoie nosso trabalho.

Você é fundamental para seguirmos com o nosso trabalho, produzindo o jornalismo urgente que fazemos, que revela, com análises, dados e contexto, as questões críticas das desigualdades de raça e de gênero no país.

Somos jornalistas, designers, cientistas de dados e pesquisadoras que produzem informação de qualidade para embasar discursos de mudança. São muitos padrões e estereótipos que precisam ser desnaturalizados.

A Gênero e Número é uma empresa social sem fins lucrativos que não coleta seus dados, não vende anúncio para garantir independência editorial e não atende a interesses de grandes empresas de mídia.

Quero apoiar ver mais