O que a Gênero e Número fez em 2024?

Vitória Régia da Silva

2024 chega ao fim e, antes do merecido recesso, fazemos um balanço de tudo o que construímos neste ano repleto de mudanças, aprendizados e impacto. Em nosso oitavo aniversário, reafirmamos nosso compromisso com a produção de dados especializados em gênero, raça e sexualidade, consolidando nossa posição como referência em jornalismo e pesquisa.

Logo no início do ano, a Gênero e Número passou por uma transição de gestão: nossa diretoria executiva continua sendo composta exclusivamente por mulheres, com a presidência ocupada, pela primeira vez, por uma mulher negra. Essa mudança reforçou nosso compromisso com a diversidade e a formação de novas lideranças, trazendo novas perspectivas para a gestão e a estratégia da organização.

Atualmente, nossas 20 associadas e o conselho gestor atuam como pilares fundamentais para que possamos manter nosso propósito: promover transformações sociais em direção à equidade e justiça social, por meio da produção, análise e disseminação de dados especializados que embasam decisões e estimulam a participação cidadã.

 

Produção intensa, impacto ampliado

Neste ano, nosso trabalho resultou em mais de 150 visualizações de dados, 21 colunas de opinião, 24 artigos, 6 entrevistas, 7 projetos lançados e 28 reportagens. Entre os destaques, estão produções como “20 anos de Visibilidade Trans no Brasil: avanços e desafios”, em colaboração com a Agência Diadorim; “Mulheres na política institucional”, em parceria com o Nepem/UFMG; e a reportagem “Creches e pré-escolas integrais falham em atender à população negra do Rio de Janeiro”, finalista do Prêmio Mosca da Livre.Jor.

Também publicamos oito reportagens visuais abordando temas relevantes como eleições, violência política e insegurança alimentar, todas disponíveis neste link. Contamos ainda com vozes importantes, como Maite Schneider, cofundadora da TransEmpregos, e Mariana Belmont, assessora de Clima e Racismo Ambiental do Geledés, que contribuíram com colunas sobre diversidade no mercado de trabalho e justiça climática.

A inovação esteve no centro de nossas ações. Em março, lançamos o projeto “Caminhos da Alimentação: o que chega à mesa das mulheres negras”, abordando o acesso de mulheres negras a uma alimentação de qualidade. O projeto, premiado na categoria Inovação do Prêmio Cláudio Weber Abramo, foi acompanhado de um workshop no #OpenDataDay2024, onde apresentamos como os dados podem revelar fatores que impactam o consumo de alimentos saudáveis por mulheres negras chefes de família no Nordeste.

 

Parcerias e novos projetos

Por meio de parcerias com instituições de destaque, como o Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA/UERJ), Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher (Nepem/UFMG), Vote LGBT+ e o Movimento Mulheres Negras Decidem, fortalecemos a visibilidade das pautas que colocam em primeiro plano as lutas de mulheres, pessoas negras e LGBTQIA+na política e na sociedade. Em abril de 2024, lançamos o projeto “Teias do Cuidado”, em colaboração com o Grupo de Pesquisa Trabalho Doméstico e de Cuidados, que investiga as desigualdades de gênero na divisão de tarefas domésticas e de cuidados pós-Covid. Este projeto foi reconhecido com o Prêmio Anpocs de Jornalismo Científico, reafirmando nosso compromisso com a divulgação científica e  produção de conteúdos de qualidade.

Demos continuidade ao “Mapa Nacional da Violência de Gênero”, criado em parceria com o Instituto Avon, incorporado pelo Instituto Natura e o Observatório da Mulher Contra a Violência (OMV). Em fevereiro, lançamos a primeira atualização do mapa, com dados inéditos do DataSenado, e, em novembro, incluímos dados sobre violência contra brasileiras no exterior, em parceria com o Ministério das Relações Exteriores.O projeto foi reconhecido com o prêmio de Impacto Global na Qlik Connect 2024, venceu a categoria Dados Abertos do Prêmio Cláudio Weber Abramo e foi finalista do Troféu Rastilho do 6º Prêmio Livre.jor de Jornalismo-Mosca. 

Lançamos também o sumário executivo “Números da violência racial e de gênero contra meninas e mulheres cis e trans no Brasil”, em parceria com a ONG Criola, além de um novo relatório “Lobby na Comida”, com análises sobre políticas de combate à fome, em colaboração com a Fiquem Sabendo.

Outro destaque foi a 2ª temporada do videocast Substantivo Feminino, uma parceria do YouTube Brasil com Gênero e Número, Rede Mulher Empreendedora, InternetLab e Casé Fala, que teve como tema central mulheres na política e abordou temas como mulheres negras no poder, jovens na política e violência política de gênero.

 

Conquistas e desafios

Este ano também nos trouxe importantes prêmios e conquistas. Fizemos história ao ser a primeira organização a vencer em duas categorias na mesma edição do Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados e também recebemos uma menção honrosa do Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo pela reportagem visual “5 gráficos para entender o racismo no Brasil”. Já a reportagem “Creches e pré-escolas integrais falham em atender população negra do Rio de Janeiro” foi finalista na categoria profissional do 6º Prêmio Livre.jor de Jornalismo-Mosca. Essas premiações refletem o impacto de nossas produções no debate público brasileiro.

Apesar de restrições financeiras, nós mantivemos nossos principais projetos e ampliamos a campanha de doações individuais, essenciais para reduzir nossa dependência de financiadores institucionais. Criamos também o LAB GN, nossa agência de dados, que já entregou pesquisas relevantes para organizações parceiras.

Encerramos o ano celebrando nossas conquistas e com grandes planos para 2025. Agradecemos imensamente às pessoas que nos acompanham e às organizações parceiras e financiadoras, cuja colaboração foi fundamental para nossos avanços.

Obrigada por fazer parte desta jornada conosco. Nos vemos em 2025!

Quem leu essa Artigo também viu:

Vitória Régia da Silva

É jornalista formada pela ECO/UFRJ e pós graduanda em Escrita Criativa, Roteiro e Multiplataforma pela Novoeste. Além de jornalista, também atua na área de pesquisa e roteiro para podcast e documentário. É Presidente e Diretora de Conteúdo da Associação Gênero e Número, onde trabalha há mais de sete anos. Já escreveu reportagens e artigos em diversos veículos no Brasil e no exterior, como o HuffPost Brasil, I hate flash, SPEX (Alemanha) e Gucci Equilibrium. É uma das autoras do livro "Capitolina: o mundo é das garotas" [ed. Seguinte] e colaborou com o livro "Explosão Feminista" [Ed. Companhia das Letras] de Heloisa Buarque de Holanda.

Se você chegou até aqui, apoie nosso trabalho.

Você é fundamental para seguirmos com o nosso trabalho, produzindo o jornalismo urgente que fazemos, que revela, com análises, dados e contexto, as questões críticas das desigualdades de raça e de gênero no país.

Somos jornalistas, designers, cientistas de dados e pesquisadoras que produzem informação de qualidade para embasar discursos de mudança. São muitos padrões e estereótipos que precisam ser desnaturalizados.

A Gênero e Número é uma empresa social sem fins lucrativos que não coleta seus dados, não vende anúncio para garantir independência editorial e não atende a interesses de grandes empresas de mídia.

Quero apoiar ver mais