Caminhos da alimentação: o que chega à mesa das mulheres negras

Narrativa visual lançada pela Gênero e Número mostra como mulheres negras chefes de família têm acesso aos alimentos que consomem

GIF mostra quatro mulheres negras, as protagonistas do projeto Caminhos da Alimentação
João Velozo / Gênero e Número

Marilia Ferrari

Vitória Régia da Silva

No Nordeste, 55% das calorias ingeridas vêm de alimentos in natura ou minimamente processados: arroz, feijão, legumes, carne e ovos estão no grupo – a famosa comida de verdade. A região tem uma cultura alimentar rica e diversa, distante da imagem de escassez que circula em outras partes do Brasil.

Ainda assim, 57% das mulheres negras chefes de família do Nordeste sofrem com algum nível de insegurança alimentar. No mês das mulheres, a Gênero e Número lança o projeto Caminhos da Alimentação: o que chega à mesa das mulheres negras para colocar o maior grupo demográfico do Brasil no centro do debate sobre acesso a comida de verdade e mostrar como iniquidades de gênero e raça impactam no acesso a alimentos e nos cuidados com a casa e com a família.

Durante uma semana, acompanhamos quatro mulheres negras responsáveis por gerenciar o dinheiro e os cuidados de suas casas e suas famílias em Pernambuco. Além das entrevistas, coletamos dados sobre suas rotinas de vida e trabalho, e de aquisição e consumo de alimentos,  para entender como são constituídos seus hábitos alimentares — as escolhas e as faltas de opção também. Queríamos retratar o que os números não mostram.

O formato híbrido, inédito na Gênero e Número, traz fotografias, vídeos, visualizações de dados e entrevistas com especialistas de peso, para contar essas histórias únicas, mas que evocam a vida de tantas outras mulheres como elas.

Caminhos da Alimentação é um trabalho realizado a muitas mãos nos últimos meses. Usamos grandes bases de dados, como a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), e construímos pequenas bases de dados, com as entrevistadas e suas rotinas alimentares.

Essa narrativa visual é a contribuição da Gênero e Número, ao lado de grandes parceiros, como a FIAN Brasil e o Instituto Ibirapitanga, para dar rosto e voz aos dados, e retratar as complexidades que influenciam o que chega à mesa das mulheres negras.

Quem leu essa Artigo também viu:

Marilia Ferrari

Arquiteta e urbanista formada pela Universidade de São Paulo (FAU-USP), trabalha na Gênero e Número desde 2017, onde hoje atua como vice-presidente e diretora de design e inovação. Fascinada por criar sistemas, acumula projetos de comunicação visual para organizações do terceiro setor e movimentos sociais.

Vitória Régia da Silva

É jornalista formada pela ECO/UFRJ e pós graduanda em Escrita Criativa, Roteiro e Multiplataforma pela Novoeste. Além de jornalista, também atua na área de pesquisa e roteiro para podcast e documentário. É Presidente e Diretora de Conteúdo da Associação Gênero e Número, onde trabalha há mais de sete anos. Já escreveu reportagens e artigos em diversos veículos no Brasil e no exterior, como o HuffPost Brasil, I hate flash, SPEX (Alemanha) e Gucci Equilibrium. É uma das autoras do livro "Capitolina: o mundo é das garotas" [ed. Seguinte] e colaborou com o livro "Explosão Feminista" [Ed. Companhia das Letras] de Heloisa Buarque de Holanda.

Se você chegou até aqui, apoie nosso trabalho.

Você é fundamental para seguirmos com o nosso trabalho, produzindo o jornalismo urgente que fazemos, que revela, com análises, dados e contexto, as questões críticas das desigualdades de raça e de gênero no país.

Somos jornalistas, designers, cientistas de dados e pesquisadoras que produzem informação de qualidade para embasar discursos de mudança. São muitos padrões e estereótipos que precisam ser desnaturalizados.

A Gênero e Número é uma empresa social sem fins lucrativos que não coleta seus dados, não vende anúncio para garantir independência editorial e não atende a interesses de grandes empresas de mídia.

Quero apoiar ver mais