Mais anos de estudo, um bom tempo de experiência em gestões governamentais e muito menos numerosas na liderança das prefeituras em comparação aos homens: esse é o perfil das mulheres que chefiam o Executivo municipal no Brasil. A pesquisa Perfil das Prefeitas do Brasil, realizada pelo Instituto Alziras, traz o retrato das mulheres que conseguem se eleger no país que tem 5.570 municípios, mas somente 649 prefeitas. Os dados mostram que 70% das mulheres que exercem o cargo hoje já acumulavam experiência em cargos públicos não-eletivos, e 71% delas têm ensino superior, contra 50% dos prefeitos.
Em todas as regiões, prefeitas com no mínimo ensino superior completo são maioria. No Norte, Sudeste e Sul, a maioria foi além e tem pós-graduação. Somente 4% de todas as prefeitas do Brasil não têm ensino médio completo, enquanto entre os homens essa taxa é de 18%. A pesquisa aponta que a escolaridade parece influenciar a ocupação de cargos não eletivos ou de confiança antes delas concorreram a um cargo eletivo.
As prefeitas com pós-graduação que antes ocuparam cargos não eletivos na gestão governamental são 80%, e o índice caindo de acordo com a formação delas. Essa taxa é de 65% entre as com ensino superior, 63% entre as com ensino médio e 47% das prefeitas com ensino fundamental completo já ocuparam cargos de confiança.
A codiretora do Instituto Alziras, Michelle Ferreti, destaca a importância de a pesquisa mostrar que as mulheres conseguem reunir dois pontos importantes para a qualificação de um cargo eletivo: experiência e anos de estudo.
“Não acho que o preparo vem só dos anos de estudo; tem gente que não tem ensino superior mas tem muita experiência. Só que as prefeitas somam as duas coisas: desde a experiência prática, dentro do governo, em cargos públicos, quanto mais anos de estudo, apesar delas serem minoria”, avalia.
Das 649 prefeitas do Brasil, 91% chefiam municípios com até 50 mil habitantes e 71% estão concentradas em municípios de até 20 mil habitantes. A média de PIB per capita dos municípios governados por prefeitas é de R$ 17,8 mil, enquanto os governados por prefeitos é de R$ 19,7 mil.
Daniela de Cássia (PSB/SP) foi eleita duas vezes como prefeita da cidade de Monteiro Lobato, no interior paulista. A partir de sua experiência, De Cássia contou à Gênero e Número que a maior dificuldade para as mulheres que tentam se eleger como prefeitas é o machismo, que opera de diferentes formas.
“Eu tive dificuldade, inclusive, de me filiar aos partidos já existentes na cidade, porque os presidentes eram homens e eu não fui aceita em vários partidos, então eu tive dificuldades desde o primeiro instante. Não temos essa ruptura do machismo, porque ainda está difícil para a mulher”, opina De Cássia.