Produtora cultural decidiu este ano disputar o seu primeiro cargo eletivo. Foto: Divulgação

Novos nomes: conheça Michelle Andrews, pré-candidata a deputada federal pelo Amazonas

A newsletter Política 2018 traz a cada edição quinzenal o perfil de uma mulher que disputará as eleições pela primeira vez em outubro deste ano

Por Lola Ferreira*

  • 1. Entrada na política institucional

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  • 2. Gabinete coletivo

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  • 3. Norte em pauta

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  • 4. Fomento à cultura

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  • 5. Direitos

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Produtora cultural e com mais de uma década de atuação na cena manauara, Michelle Andrews decidiu este ano disputar o seu primeiro cargo eletivo. Motivada pela vontade de ampliar o acesso à cultura e destacar a região Norte no mapa político além das críticas negativas, ela é pré-candidata a uma cadeira na Câmara dos Deputados. Para Brasília, ela pretende levar a “política da vida real”, com um mandato coletivo (leia a reportagem sobre o assunto publicada nesta edição da newsletter) focado no desenvolvimento cultural da região Norte. Durante a pré-campanha e a campanha, ela pretende reacender na população do Amazonas o desejo de fazer mudanças na sociedade a partir do voto.

Conheça mais sobre a pré-candidata em cinco pontos.

1. Entrada na política institucional

Michelle Andrews é fundadora do coletivo Difusão, de audiovisual, e também membro do coletivo Rosa Zumbi, no PSOL/AM. Presente em vários estados e diretamente relacionado ao partido político, o Rosa Zumbi foi a porta de entrada de Andrews na política partidária. A decisão de disputar um cargo eletivo foi tomada coletivamente junto com os membros da Difusão, antes mesmo de decidir um partido político. Mas no início da trajetória, ela conta, enfrentou descrédito de algumas pessoas por causa das dificuldades de manter uma campanha.

“Quando eu pensei em entrar para disputar, as coisas que eu comecei a escutar foram sobre falta de dinheiro, sobre a possibilidade de eu não gostar, ou seja, foi só distanciamento. O Rosa Zumbi fazia as contra-narrativas e estimulava a criação de ferramentas e sistematização do caminho que estamos criando para que as próximas pessoas que tenham vontade [de entrar na política institucional] não comecem do zero”, conta ela a Gênero e Número.

2. Gabinete coletivo

Pela atuação junto ao Rosa Zumbi, Andrews acredita que a construção coletiva do mandato é fundamental para proposição de pautas populares e que impactem positivamente na população. “A gente quer montar uma equipe em disputa contínua, para começar a trazer para a vida real essa questão do acompanhamento, do entendimento [das pautas]”, explica.

A pré-candidata acrescenta que é fundamental, também, na construção do mandato haver equidade de gênero e raça entre os componentes, até para que esse acompanhamento de pautas seja mais próximo da realidade.

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“Não se pode considerar mais essas regiões nas eleições como “culpadas” pelo resultado político [que desagrada]. A gente precisa fazer uma contra-narrativa, colocar o pensamento intelectual, popular e a vivência política sistematizada online e offline, que é a vida real. A política institucional é um instrumento de empoderamento”

3. Norte em pauta

Para Andrews, uma amazonense comprometida com as causas progressistas ocupar uma cadeira na Câmara dos Deputados é importante. Principalmente para colaborar com o objetivo de ressignificar o entendimento do restante do Brasil sobre a política da região Norte do país, bem como da região Nordeste.

“Não se pode considerar mais essas regiões nas eleições como “culpadas” pelo resultado político [que desagrada]. A gente precisa fazer uma contra-narrativa, colocar o pensamento intelectual, popular e a vivência política sistematizada online e offline, que é a vida real. A política institucional é um instrumento de empoderamento”, afirma.

A produtora cultural aponta que uma das principais pautas que irá discutir, caso eleita, é a preservação da Amazônia, que “está sendo sucateada, com estradas sendo criadas sem planejamento e com corrupção”. Seu mandato, diz, irá acompanhar mais de perto toda obra que se relacione com a região para evitar impactos negativos – como a violência – nos povos que vivem à beira das rodovias.

4. Fomento à cultura

Há 12 anos, Andrews atua no campo da cultura. Na Câmara, pretende representar a população envolvida com o tema, e também agregar a juventude às discussões e fomentar um cenário de cultura “mais efervescente”. “Temos que olhar também para uma economia solidária, compartilhada e para novas formas de consumo. Temos que conseguir dar continuidade a projetos independentemente do capital financeiro que se tem, e promover acesso gratuito a oportunidades”, analisa.

Andrews acredita que trabalhos como o do Centro Popular do Audiovisual, coordenado por ela, são importantes para formar novos profissionais, do cinema e da comunicação.

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5. Direitos

A pré-candidata conta que entre suas pautas mais urgentes estão aquelas de defesa aos direitos das mulheres e da população negra. Em relação a mulheres, ela aponta que o “bem-viver” é urgente, e está diretamente relacionado aos direitos do corpo da mulher. A discussão de raça pautada por Andrews buscará promover maior equidade entre negros e brancos. Para ela, o caminho para frear o racismo passa por maior investimento em políticas públicas que se proponham a combater esse preconceito.

Andrews é negra e se define como feminista, e acredita que a representatividade com pluralidade, com mais mulheres e negros, é importante na Câmara. Mas com cautela: “Representatividade só é importante se compactuar com pautas populares e à esquerda”, afirma. Para ela, “não adianta ter um negro que não discute pautas de equidade”.

A pré-candidata destaca que a dificuldade de montar uma bancada mais diversa não parte da falta de negros e mulheres interessados, mas sim das barreiras para construir uma trajetória política. “É a falta de conseguir fazer política da vida real com baixo custo, porque a política é desonesta em termos midiáticos e financeiros. A contra-narrativa é mostrar que é possível fazer uma política com afeto.”

*Lola Ferreira é jornalista e colaboradora da Gênero e Número.

Lola Ferreira

Formada pela PUC-Rio, foi fellow 2021 do programa Dart Center for Journalism & Trauma, da Escola de Jornalismo da Universidade de Columbia. Escreveu o manual de "Boas Práticas na Cobertura da Violência Contra a Mulher", publicado em Universa. Já passou por Gênero e Número, HuffPost Brasil, Record TV e Portal R7.

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